A temporada de pesca da tainha teve início em 1º de maio de 2025 no litoral de Santa Catarina, trazendo à tona não apenas a esperança de uma boa safra para pescadores artesanais, mas também a valorização de uma tradição centenária e debates acalorados sobre cotas e preservação ambiental. As primeiras redes lançadas, como o histórico “lanço” registrado na Praia da Lagoinha do Norte em Florianópolis, capturaram mais de 280 tainhas e marcaram um começo animador para os pescadores da região.
A Pesca da Tainha: Tradição que Move Comunidades
Antes de mais nada, é importante compreender o significado da pesca da tainha para os pescadores artesanais de Santa Catarina. Essa atividade ultrapassa o aspecto econômico: é uma herança cultural passada de geração em geração, um modo de vida enraizado em práticas sustentáveis e coletivas.
Na Praia do Campeche, por exemplo, o Rancho de Pesca do Seu Getúlio, fundado há mais de 100 anos, representa um marco de resistência cultural. Ivanir Aroldo Faustino, atual coordenador do rancho e pescador de quarta geração, destaca que o local abriga atividades que vão além da pesca: aulas de música, oficinas para crianças e ações sociais voltadas para a comunidade.
Segundo matéria do ND Mais, os ranchos e barracões se tornam centros de convivência, onde pescadores e suas famílias compartilham saberes, refeições e histórias, fortalecendo os laços comunitários.
Primeiras Capturas e Condições Favoráveis
As primeiras capturas da temporada 2025 aconteceram sob condições ideais: temperaturas amenas, correntes marítimas favoráveis e águas mais frias que atraem os grandes cardumes de tainha até o litoral catarinense. O entusiasmo inicial foi reforçado pela captura de cerca de 285 tainhas no primeiro lanço em Florianópolis. Essa quantidade, embora ainda modesta, é interpretada como sinal de uma boa temporada por pescadores mais experientes.
Vale lembrar que a pesca da tainha é regulamentada e tem prazos fixos. Para a pesca artesanal, o período vai de 1º de maio a 31 de julho. Para embarcações motorizadas de cerco, as datas variam de acordo com as licenças emitidas pelo governo federal.
Cotas de Pesca: Tradição vs Legislação
Apesar do bom início da safra, a temporada ocorre sob tensões legais. O governo federal determinou uma cota máxima de 6.795 toneladas para toda a pesca da tainha em 2025, sendo 1.100 toneladas destinadas à pesca artesanal em Santa Catarina.
A decisão gerou insatisfação entre pescadores e líderes comunitários, que alegam que as cotas são insuficientes e não consideram as particularidades da pesca artesanal. O governo estadual de Santa Catarina, por meio da Procuradoria-Geral do Estado, moveu uma ação na Justiça Federal buscando derrubar as cotas ou, ao menos, flexibilizá-las.
Conforme abordado em nosso artigo Como funcionam as regras de pesca no Brasil, é importante que o pescador entenda as normas vigentes e seus impactos sobre a atividade, principalmente no que diz respeito à conservação das espécies e equilíbrio dos ecossistemas.
Preservação Ambiental e Conflitos com a Pesca Industrial
A pesca da tainha também traz à tona um debate entre conservação ambiental e práticas tradicionais. Organizações ambientais alertam que o excesso de captura, especialmente por embarcações industriais, pode colocar a espécie em risco.
Reportagem da DW Brasil destacou que os estoques da tainha têm sofrido pressão nos últimos anos. Contudo, especialistas reforçam que a pesca artesanal – por utilizar redes de arrasto de praia com limites definidos e baixa escala – é sustentável e não representa a mesma ameaça ao equilíbrio marinho.
O desafio, portanto, é encontrar o equilíbrio entre proteger o oceano e permitir que comunidades tradicionais sobrevivam e prosperem.
Abertura da Temporada: Tradição, Cultura e Fé
A abertura da temporada de 2025 foi marcada por celebrações tradicionais nos principais ranchos de pesca do estado. No Rancho do Seu Getúlio, por exemplo, houve procissão religiosa, café comunitário, benção dos pescadores e apresentações artísticas. Os eventos destacam a união entre fé, cultura e trabalho que caracteriza a pesca da tainha.
A Secretaria de Cultura do Estado apoiou as celebrações e ressaltou a importância de manter viva essa manifestação cultural. A pesca artesanal é, hoje, patrimônio imaterial do estado de Santa Catarina.
Recomendações para o Pescador
Se você é pescador amador ou profissional e deseja entender melhor os períodos de pesca da tainha e outras espécies, confira nosso artigo completo sobre o Calendário de Pesca 2025. Lá, explicamos as fases da lua, as melhores épocas e as espécies mais ativas em cada mês.
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Conclusão
A temporada de pesca da tainha em Santa Catarina é mais do que um evento de captura: é a reafirmação de uma cultura ancestral que resiste, mesmo diante de leis restritivas e mudanças ambientais. A cada rede lançada, renova-se o elo entre o homem, o mar e a tradição.
Enquanto o embate entre conservação e subsistência continua, o que se espera é que haja diálogo entre pescadores, autoridades e ambientalistas para garantir que essa prática continue existindo – sustentável, respeitosa e justa.
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